Se ontem falámos com o Nuno Pires sobre o Dualidades e de como vê actualmente Elvas, hoje continuamos com o seu ponto de vista sobre a nossa cidade, ou as dificuldades com que os portugueses se debatem com a crise. Também vamos conhecer um pouco mais das suas preferências turisticas e uma abordagem pelo mundo sportinguista. Não percam!
TP - Que perspectivas de futuro vês para Elvas?
NP - Elvas tem futuro, disso não tenho dúvida. E acredito que esse futuro passa pelo Turismo. É inegável a riqueza patrimonial de Elvas. Temos um conjunto monumental ímpar no mundo inteiro que, quer a Unesco o reconheça ou não, deve ser motor para dinamizar a economia local, criar postos de trabalho e gerar riqueza. Julgo que caminhamos nesse sentido, não sei é se tão depressa quanto seria necessário. Há que revitalizar o património, dar-lhe vida. É importante que quem nos visita tenha motivos de interesse, possa visitar igrejas e monumentos, seja devidamente acompanhado e saia de Elvas com boa impressão. E depois há que apostar numa boa divulgação!
TP - Portugal vive actualmente com graves problemas na economia, sendo mesmo apontado como o sucessor da Grécia na necessidade de apoio europeu. O Governo teima em afirmar que somos um caso muito diferente dos helénicos, mas os números contrariam esta posição. Pensas que entraremos em “falência” e só a EU nos poderá salvar?
NP - Bom, não sou nenhum especialista na matéria, mas a verdade é que a situação económica do país não é famosa e tem vindo a agravar-se. O problema principal da nossa economia é o facto de não registarmos crescimento. Se a isto somarmos o agravamento do endividamento do país a coisa complica-se. Governo e oposição parecem juntos nesta contenda de mostrar internacionalmente que somos capazes de resolver os nossos problemas. Prefiro esperar para ver e fazê-lo com algum optimismo.
TP - Achas que os nossos políticos têm condições para colocar Portugal no bom caminho?
NP - Acho que a classe política está desacreditada em Portugal. As altas abstenções nos momentos eleitorais provam-no bem. A política interna é feita muito à base da troca de insultos entre líderes partidários, em detrimento do debate de ideias que resolvam os principais problemas do país. Se o actual Governo parece não agradar a gregos e troianos, a verdade é que também não se identificam alternativas válidas.
TP - Muitos criticam a linha do TGV, pela qual há tanto tempo os elvenses suspiram, pois é considerado um projecto que afundará ainda mais o país pelo enorme investimento. Acreditas que a Plataforma Logística do Caia será o projecto que poderá fazer sair Elvas do “buraco”, devendo avançar mesmo contra a vontade de muitos?
NP - Acho que todos os que residimos neste zona interior do país temos esperança que a Plataforma Logística do Caia traga postos de trabalho e gere negócio. Infelizmente a conjuntura nacional e internacional jogam contra nós e a actual situação do país compromete a realização da obra. Apesar de reconhecer a sua importância para a região de Elvas, julgo não ser prudente aumentar ainda mais a dívida do país. Se o TGV fará Elvas sair do buraco ou não, só o tempo o dirá e ao ritmo que as coisas têm avançado talvez a nossa geração já não tire grande partido desse investimento.
TP - Rondão Almeida está no seu derradeiro mandato autárquico e já se comentam as próximas eleições para a Câmara. Como pensas que poderá ser a sucessão do actual presidente?
NP - Indiscutivelmente Rondão de Almeida marca as últimas duas décadas da vida política local. Goste-se ou não, há que reconhecer o trabalho desenvolvido que agrada a maioria dos elvenses, senão vejam-se os resultados eleitorais. Quanto à sua sucessão, julgo que sairá do actual executivo camarário, mas “prognósticos só no final do jogo”.
TP - Sempre que podes e a carteira o permite gostas de viajar. Qual a destino que mais apreciaste?
NP - Olha que ultimamente até tenho saído bem pouco, tenho-me cingido muito ao “vá para fora cá dentro” e a conhecer algumas cidades emblemáticas do país vizinho. No entanto, uma das viagens que mais me agradou foi à República Dominicana. Do melhor que pode haver ao nível do “dolce far niente”, apenas sol, praia e boa vida! Há outros destinos que podem parecer mais atractivos e que oferecem ofertas mais diversificadas, como sejam as capitais europeias. Confesso que ando muito tentado a dar um salto a Roma.
TP - Há pouco tempo surgiu o gosto pela fotografia, espelhado por diversas vezes no Dualidades. Qual o sítio que mais gostaste de fotografar?
NP - O gosto pela fotografia já vem de longa data, mas só ultimamente tenho investido mais nele. Não te consigo dizer qual o sítio que mais gostei de fotografar porque basicamente gosto é de fotografar : pessoas, sítios, tudo! A grande frustração que de momento sinto relativamente a esta paixão é a incapacidade de nas minhas fotografias transmitir a alma das coisas.
TP - És um apreciador de eventos culturais, em especial realizados na nossa cidade. Consideras Elvas uma cidade “eminentemente cultural” como afirma o amigo Xavier de Sousa?
NP - Considero que Elvas tem uma vida cultural dinâmica atendendo ao facto de estarmos situados no interior do país. Também a esse nível há que destacar o trabalho autárquico levado a cabo. As apostas na valorização do património, nos museus que têm surgido na cidade e nos espectáculos promovidos tornam-nos mais cosmopolitas. Quantas cidades do interior se podem gabar de ter um Museu de Arte Contemporânea? Através dele temos tido contacto com uma forma muito própria de arte que atrai a Elvas artistas plásticos e turismo de qualidade.
TP - Qual o espaço que mais gostas de visitar?
NP - Recentemente gostei bastante de visitar a Torre Fernandina. Além de nos contar mais alguns episódios da rica história elvense, oferece-nos uma panorâmica muito bonita sobre o casco histórico e toda a cidade. Faço votos de que continue a aposta na revitalização do património.
TP - A época futebolística está felizmente a terminar, em especial para nós sportinguistas. Qual achas que foi o problema para a péssima época “leonina”?
NP - Temos mesmo que falar deste assunto? Se tem que ser… Julgo que o problema parte de cima e o actual presidente do Sporting não se tem revelado o ideal para comandar os destinos do clube. A somar a isso “não se fazem omoletas sem ovos”.
TP - Na tua opinião qual será o caminho a seguir pela equipa do Sporting liderada pelo alentejano Paulo Sérgio, de forma a devolver aos adeptos as alegrias que tanto desejam?
NP - Muita coisa tem que mudar no Sporting da próxima época se queremos melhorar os maus resultados a que nos habituaram ultimamente, principalmente remodelar o plantel. Temos um historial muito importante que convêm dignificar e preservar. A situação económica do clube não permite grandes ambições, mas considero que o clube tem condições de um bom encaixe financeiro nas saídas que se prevêem. É preciso reforçar o plantel, por isso é importante que os dirigentes definam as posições prioritárias e invistam. Aposto no reforçar da baliza com a aquisição de um novo guarda-redes, bem como um “organizador de jogo”. Com a provável saída de Izmailov e João Moutinho, é necessário investir num bom médio ofensivo que comande o ataque e torne a equipa mais concretizadora. Vamos fazer votos de que na próxima época o nosso Sporting se reconcilie com os seus apoiantes e voltemos aos bons resultados.
TP - O que pede o Nuno Pires ao futuro?
NP - Este é um blog sério, convêm ter cautela nas respostas … ao futuro peço o mesmo que todos nós. Sou modesto nas minhas ambições e acima de tudo procuro estar bem comigo próprio porque isso reflecte-se no meu relacionamento com a vida e com os outros. Mas já que é para pedir : Saúde, Amor e Dinheiro.
TP - Foi uma verdadeira conversa entre dois amigos de longa data, com vários temas interessantes e que espero tenha sido do agrado dos leitores.
Friend obrigado, e aproveito para te desejar tudo de bom na vida pois bem mereces!
NP - Eu é que agradeço a amizade e retribuo os votos, mais ainda agora que vais ver a família aumentada. Felicidades para os três!
Scottish
3 comentários:
Paulo Sérgio, actual treinador do Guimarães e futuro técnico do Sporting, não é alentejano!
Trata-se de uma informação erradamente propagada. Também aqui.
Apesar dos pais serem naturais de Fronteira, Paulo Sérgio nasceu em Lisboa; em concreto na Maternidade Alfredo da Costa, nas Picoas.
Obrigado pela correcção.
Obrigado pelo comentário, mas a julgar pelo site que muitos consideram a verdadeira bíblia das estatisticas, o ZeroZero, o Paulo Sérgio é mesmo natural de Estremoz.
Vá ao seguinte link para confirmar:
http://www.zerozero.pt/treinador.php?id=414
Cumprimentos
Porra. Tinhas de estragar a entrevista com o Sporting.
Olha, fui à Feira do Livro e comprei o "Onda Benfica".
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