Estive a ouvir a entrevista que Patrick Sequeira, presidente da Associação Empresarial de Elvas, deu à Rádio Elvas, e sinceramente fiquei satisfeito. Posso mesmo dizer que muitas das opiniões formadas pelo Patrick, estão de acordo com as que este Humilde Observador pensa sobre o futuro de Elvas, várias vezes comentadas nesta casa.
A Associação Empresarial de Elvas conta, segundo o seu Presidente, com cerca de 260 associados, a grande maioria do comércio, mas também de prestação de serviços, e da agricultura. A mensalidade é de 5€ e o desejo de aumentar o número de sócios está no pensamento da Associação, havendo um objectivo claro de atingir os 400 até ao final do presente ano. A soma mensal da quotização é a única fonte de receitas da AEE, mas mesmo assim conta com dois funcionários, e vários projectos em mão afim de desenvolverem a própria associação e o tecido empresarial de Elvas.
Conforme disse Patrick Sequeira, a grande arma da AEE será a Guia "Elvas Viva", que está prestes a sair. Dinamismo e modernismo incidindo em especial no comércio tradicional, de forma a divulgar uma zona muito badalada na blogosfera elvense, é a base desta Guia.
O Presidente da AEE lança um alerta aos comerciantes, e é a sua mudança de mentalidade. "Não cabe na cabeça de ninguém passar por algumas lojas e nem as luzes da montra estão ligadas". Tem razão, e este é um dos muitos sinais que pedem a gritos a tal mudança de atitude necessária para a revitalização do comércio tradicional elvense.
Tenho comentado por diversas vezes que condeno a forma como muitos comerciantes esperam de braços cruzados que a sorte lhe sorria e que os clientes surjam do nada. Ou então aguardam que a Câmara Municipal de Elvas promova eventos no Centro Histórico para assim haver mais gente nas ruas. Mas o que acontece? Lojas fechadas nas tardes de Sábado pois o fim-de-semana é para descansar...
A AEE apela aos comerciantes um espírito associativo, de forma a que em conjunto se encontrem soluções para a dinamização urgente do comércio tradicional. Um exemplo disso foi a Casa do Pai Natal, motivo importante para muitos visitarem o Coração de Elvas, realizarem as compras natalícias, aproveitando que os filhos iriam desfrutar uns bons momentos na casa que estava na antiga Rodoviária.
Na entrevista Patrick Sequeira considera importante que se mudem as "caras" das lojas, pois em muitos casos os comerciantes contam com uma idade avançada e seria importante motivarem os filhos a continuarem com os projectos. Também devem os comerciantes modernizar os seus espaços, não terem receios de apostar, de aproveitarem os apoios governamentais para a revitalização do comércio, como é o projecto Modcom.
Concordo com isto, o associativismo de acontecer em Elvas é um bom sinal, é uma forma de mostrarem que pretendem alterar o rumo dos acontecimentos, que querem acordar do marasmo actual. Também o facto de as pessoas mais idosas pensarem na preparação da passagem de testemunho, é um factor fundamental para o futuro do comércio tradicional. Receio de modernizar as lojas, de tratar de dar uma nova vida as suas empresas, é algo que neste momento é legítimo devido à conjuntura actual de crise, mas mesmo assim deveriam ver todas as possibilidades de actualizarem os seus negócios.
Se 2009 foi o ano de consolidação da AEE, em 2010 Patrick Sequeira disse que irão desenvolver várias actividades, como Jornadas Gastronómicas, ou acções em determinadas épocas do ano, como o Carnaval, a Páscoa, no Verão com animação de rua, de forma a trazer gente às ruas do Centro Histórico. Boas iniciativas sem dúvida, mostrando em especial a preocupação de desenvolver as áreas económicas mais importantes actualmente em Elvas, o comércio e a restauração.
A Zona Industrial foi alvo de críticas nesta entrevista, pois segundo o Presidente da AEE, não dignifica Elvas, e não está de acordo com as necessidades da nossa cidade. Patrick é da opinião que o tecido empresarial deveria fisicamente ir em direcção a Badajoz e explicou porquê. Primeiro porque estamos perto de que se torne realidade o projecto económico mais importante para Elvas, a Plataforma Logística/Comboio de Mercadorias/TGV, a luz ao fundo do túnel, e também porque temos 150 mil potenciais clientes para as áreas em que realmente nos destacamos.
Estou de acordo com a apreciação, pois a nossa mão de obra em diversas áreas é apreciada por "nuestros hermanos" e não é à toa que temos muitos elvenses a trabalhar em Badajoz e arredores.
Os pacenses vêm a Elvas, não só para degustar a excelente cozinha elvense, mas também para fazerem compras que há alguns anos nos pareciam improváveis, as casas. São muitas as famílias espanholas residentes em Elvas, que preferem a qualidade de construção aliado aos preços menos elevados, e assim deixam bastante dinheiro em Elvas.
É um mercado vasto que podemos e devemos explorar desde que seja de uma forma consciente, coerente e dinâmica.
Também me pareceu interessante o desejo de diálogo com os estabelecimentos de Ensino locais, de forma a serem leccionados cursos que realmente tenham saída em Elvas. Vejo na AEE vontade de preservar as profissões que são a base comercial da nossa cidade e isso é algo que temos de louvar.
Deixo aqui uma sugestão à AEE. Nos tempos actuais, uma das ferramentas fundamentais de trabalho é a internet. Penso que seria importante a criação de um site, de forma a que com facilidade e rapidez os sócios podessem saber mais da Associação, ou mesmo poderem obter resposta rápida para qualquer eventual esclarecimento.
Com tudo isto, deixo uma pergunta aos leitores do Três Paixões. Terá a Associação Empresarial de Elvas capacidade para mudar o rumo dos acontecimentos no que toca ao nosso comércio tradicional?
Scottish
Uma Paixão, uma opinião pessoal
6 comentários:
Uma boa entrevista! Um excelente resumo!
Uma nova Associaçao, com sangue de outra geraçao, idealista e realista. Recordo que foi nomeada aos Prémios Zé de Mello'09, o que quer dizer que é positivo o seu trabalho.... há muito a fazer mas estao no bom caminho.
Um site de Elvas como produto comercial e institucional da AEE parece boa ideia também!
Aposto na AEE
particularmente já sugeri a criação do blogue da AEE a algum director,tenho vindo a acompanhar e publicar algumas iniciativas da AEE no PORTASDOLIVENZA,da mesma maneira tenho saido em defesa de algumas acusações feitas por bloguer´s daqueles que se preocupam em desfazer qualquer positividade que em elvas se tente fazer,sou defensor da interligação AEE/CAMARA para se conseguir dar um cariz mais dinamico ao tecido empresarial,da mesma maneira que defendo que AEE seja extensivel aos concelhos limitrofes de elvas(campo maior,arronches,monforte,alandroal),afim de congregar potencial e fazer-se representar em certames nas promoção de empresas e produtos da região.
Concordo no essencial com a tua opinião.
No entanto não quererás dizer que temos 150.000 possíveis clientes, que podem ser mais, em áreas em que nos PODERÍAMOS destacar? Neste momento não vejo onde nos destacamos, com excepção para o valor da habitação, que é uma situação que não podemos controlar, pois tem a ver com a conjuntura internacional.
Tal como não acredito que haja portugueses a trabalhar pelo reconhecimento da qualidade da sua mão de obra, haverá excepções é certo, não será antes pelo menor custo dessa mesma mão de obra?
André Miguel, os 150 mil potenciais clientes foi o número dito pelo Patrick Sequeira na entrevista, não foi dito por mim.
Efectivamente temos a habitação a favor, e na minha opinião a restauração, pois temos uma cozinha de grande qualidade.
Sobre os portugueses a trabalharem em Badajoz eu acredito que seja pela qualidade da mão de obra e não o custo ser mais barato. Digo isto porque conheço muitos portugueses a trabalhar do outro lado da fronteira, e o vencimento + respectivos descontos são como se de espanhóis se tratassem.
Grande Abraço
Não tinha percebido se era a opinião do Patrick ou a tua. Está explicado!
Abraço
Este gajo só faz algumas cacaraquices com o denheiro que o dotor Mocinha lhe dá da Câmara. O ultimo subsidio foi de mais 10.000 eros. Foi pra isto que criaram a mer... da associação.É mais uma Acise a que o mocinha se junta como teve com a outra e deu no que deu.
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