Agora que as coisas acalmaram, já posso comentar a última #CopaACB, que se disputou no passado fim-de-semana. O Barcelona venceu na final o Real Madrid por 73-88, 15 pontos de diferença que demonstram de forma clara e inequívoca a superioridade blaugrana. Para mal dos meus pecados - sou adepto confesso do Real Madrid desde pequenino - foi merecido e sem espinhas, já que os comandados de Jasikevicius foram muito superiores aos "blancos" ao longo de quase todo o jogo. E o que fizeram para serem tão superiores? Uma defesa impressionante, em especial na primeira parte, e um acerto no lançamento quase generalizado, onde o destaque vai para Cory Higgins, o justo MVP da competição.
Na final até entraram melhor os da casa (a Copa disputou-se em Madrid), mas depois do 7-4 a favor, o Barcelona conseguiu um parcial de 0-14 para nunca mais perder a liderança. A grande defesa dos catalães obrigou ao descarto no lançamento dos de Pablo Laso. A isto juntou-se que o gigante Walter Tavares cometeu rapidamente duas faltas, e o técnico do Real Madrid teve de resguardar o cabo-verdiano para mais tarde. Disso se aproveitou o Barça, porque ao não ter Tavares pela frente, o ressalto foi dominado, assim como as finalizações perto do cesto. Não estranhou o 11-20 no final do primeiro período, com continuidade nos segundos dez minutos. A velocidade imposta por Jasikevicius dava frutos. A intensidade defensiva limitou muito o ataque do Real Madrid, que não conseguia acertar com o cesto. Os atiradores estavam em dia não, Tavares sem aparecer, e assim a diferença ficou quase irrecuperável. O parcial de 20-32 era demolidor, e a diferença ao intervalo já superava os 20 pontos (31-52).
Esperava-se uma reação do Real Madrid depois do intervalo, mas tardou em aparecer. Os erros no lançamento continuavam e o Barcelona mantinha a distância, até que a intensidade habitual da defesa merengue apareceu. As dificuldades aumentaram para o Barça e viram a vantagem diminuir, muito por culpa da ligação em ataque de LLull e Tavares, no melhor período do cabo-verdiano. Parcial de 19-17 no terceiro período para o Real Madrid, 19 pontos de diferença que muitos já adivinhavam impossíveis de recuperar. Nos derradeiros dez minutos o Real Madrid conseguiu através da defesa estar a 12 pontos e posse de bola, mas foi o máximo que conseguiu. O acerto no lançamento exterior de Higgins e Abrines manteve a distância do Barcelona no marcador. Parcial de 23-19 infrutífero para a "remontada" dos merengues e triunfo justíssimo e merecido do Barcelona, porque neste momento é melhor equipa.
26ª Copa ACB para o Barça (o Real Madrid tem 28) e primeiro título de Mirotic com as cores blaugranas. O hispano-montenegrino com passado merengue, viu finalmente como conseguia superar pela primeira vez o seu ex-clube. Parabéns ao Barça porque foi sem dúvida um justo vencedor.
O Real Madrid conta com várias baixas de vulto por lesão. Anthony Randolph, Rudy Fernández e Jeffery Taylor estão lesionados, juntando-se Garuba, Tavares e Llull que para nada estão fisicamente a 100%, e sem esquecer que em dois anos perderam os dois melhores bases a jogar na Europa, Doncic e Campazzo. Com a crise praticamente não houve investimento por parte do clube e a equipa está "velha". Quando Doncic foi para a NBA, o Real Madrid contratou Nico Laprovittola, o MVP da ACB em 2019, mas o argentino tarda em mostrar o seu potencial. Este ano a saída de Campazzo, também para a NBA, não teve direito a um substituto, confiando-se a direção da equipa ao jovem Carlos Alocén, Sérgio LLull, a ajuda de Alberto Abalde e Laprovittola... Apenas entrou Alex Tyus para substituir Randolph (só regressa na próxima época) e ajudar Tavares na luta pelas tabelas, mas as expetativas não foram cumpridas. Sem investimento é complicado...
Uma curiosidade muito comentada em Espanha, que poderia ter ditado um desfecho diferente a esta Copa. Na edição de 2017 há um campo atrás na última jogada do Real Madrid frente ao Morabanc Andorra, que levou ao empate e consequente prolongamento com um triplo de Randolph. Foi claro, Llull pisou a linha de meio campo, os árbitros não sancionaram e os adeptos do Andorra e do Barça nunca mais esqueceram a jogada. Este ano foi ao contrário. No jogo de quartos-de-final frente ao Unicaja, na última jogada Brandon Davis, poste do Barcelona, fez uma clara falta por puxão de camisola a Abromaitis, quando surgiu o cesto do empate que levou o jogo a prolongamento. Era cesto e falta, que com o lance livre convertido poderia ter dado a vitória aos de Málaga.
A história desta Copa podia ter sido outra, como podia ter sido em 2017...