terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Desabafos das Presidenciais 2021

O blog tem sido durante muito tempo plataforma para o programa "Conversas de Barbearia", que felizmente tem tido muita aceitação. Deixem-me dizer que superou e muito as expectativas iniciais, e estou muito feliz por isso, mas é tempo de "dar mais vida" a esta casa.
Tenho vontade de escrever, e o tema "mais quente" do momento, pandemia à parte, é o rescaldo das eleições presidenciais do passado domingo. Venceu quem todos sabíamos que ia vencer. A única dúvida, se é que realmente havia, era se o Professor Marcelo Rebelo de Sousa iria necessitar de uma segunda volta para a reeleição. Ficou tudo definido à primeira volta, com o Professor a conquistar 60,7% dos votos e a vencer em todos os concelhos do país. Surpreendidos? Penso que não. 

Tenho vontade de escrever, e o tema "mais quente" do momento, pandemia à parte, é o rescaldo das eleições presidenciais do passado domingo. Venceu quem todos sabíamos que ia vencer. A única dúvida, se é que realmente havia, era se o Professor Marcelo Rebelo de Sousa iria necessitar de uma segunda volta para a reeleição. Ficou tudo definido à primeira volta, com o Professor a conquistar 60,7% dos votos e a vencer em todos os concelhos do país. Surpreendidos? Penso que não. 

Já li publicações nas redes sociais a questionar os portugueses pela reeleição de MRS, um Presidente que, e cito, "tem ajudado o Governo a cometer erros e mais erros" (a frase é light...). Logicamente cada um pode dizer o que quiser, mas a pergunta que faço é esta. Se não estivesse o Professor, em quem votaríamos para o cargo mais alto da nação? A Ana Gomes, que nem contou com o apoio oficial do Partido Socialista? O André Ventura, sobre o qual escrevo a seguir? O comunista João Ferreira? A bloquista Marisa Matias? O liberal Tiago Mayan? O Vitorino Silva, mais conhecido pelo Tino de Rans? Não vale só dizer que o povo "escolheu mal", há que dizê-lo apontando alternativas, e convenhamos que nestas eleições não havia. 
Era ponto assente que MRS teria de suceder a si próprio, mas "a confiança agora renovada pelos portugueses é tudo menos um cheque em branco". E de facto tem razão, pois a exigência nos próximos cinco anos vai ser muito maior. A principal preocupação é, como não podia deixar de ser, a pandemia. Acredito que tudo fará para que não tenhamos uma "pandemia infindável, uma crise económica sem termo à vista", e acrescentou que os portugueses também não querem "nem uma radicalização e um extremismo nas pessoas, nas atitudes, na vida social e política". Lamento dizer Sr. Presidente que há coisas que no mandato agora renovado não conseguirá eliminar. Essa radicalização, o extremismo em pessoas, nas atitudes, na vida social e principalmente na política está para durar.
A pandemia, que já vivemos há dez meses, alterou por completo o mundo, e infelizmente em Portugal a pandemia não tem sido bem gerida. Vejamos o que se está a passar em Portugal com as mortes por Covid-19, onde hoje batemos o record com 291. Em 2021 os casos dispararam para números nunca pensados e a tendência é continuarem a subir. E isto pelas asneiras enormes que se fizeram no Natal e no Fim de Ano. A culpa de tanta asneira é principalmente do povo, que não há forma de entender que TEM DE FICAR EM CASA. Mas politicamente há responsáveis. O Governo "borrou a pintura" com o suavizar das medidas para que houvesse Natal, com a aceitação do Sr. Presidente da República. O Primeiro-Ministro António Costa já assumiu toda a responsabilidade pelo que se está a passar devido a essa má decisão, e é precisamente isso que não entendo. O que é assumir a responsabilidade de uma asneira grosseira, que aliada à estupidez do povo que não entendeu que tinha de ficar em casa e não fazer festas, resultou em 4106 mortes desde o dia 1 de Janeiro? É como os treinadores de futebol quando perdem que depois dizem que são os responsáveis mas continuam a treinar? Se perdem muitos jogos seguidos são despedidos... 
António Costa assumiu a responsabilidade pelo que sucedeu no Natal e Fim de Ano, mas o que fez? Niente, nicles, zero! Ficou bem, ou mal, na foto e mais nada. Se fosse um político a sério colocava de imediato o seu lugar à disposição, por muito que o Presidente da República não queira um tsunami político. Aconteceu sim um tsunami de Covid-19 que está a levar o SNS à rutura total, todos os dias aumentam os números de mortes, somos o país do mundo com mais mortes por milhão de habitantes, e não vemos o fim desta vaga, que não sei se é a segunda ou a terceira...
E isto leva a André Ventura e o porquê dos resultados que conseguiu no domingo. Ninguém pode acreditar que temos quase 12% do eleitorado convertido ao fascismo, ou que agora o pessoal deu em ser xenófobo, ou contra os lábios vermelhos. Nada disso! O que se passa é que o povo está MUITO FARTO! Farto de tanta asneira, incompetência, corrupção, nepotismo, esquecimento de grande parte do país, não sermos tratados todos por igual, todos castigados para não se castigar quem afunda economicamente o país (vá-se lá saber porquê...), e todos os partidos são responsáveis pela situação actual. TODOS! Nos governos de direita o PSD e o CDS. Nos governos de esquerda o PS, a CDU, o BE. Ou seja, TODOS! Por isso surgem novos partidos, como aconteceu nas últimas legislativas com o Chega, o Livre, a Iniciativa Liberal e o Aliança. O destaque vai para o Chega de André Ventura, que no domingo esteve perto de conseguir o seu objetivo nas Presidenciais 2021, ficar em segundo e "derrotar a esquerda". Não conseguiu, mas não foi por muito, no entanto estes resultados merecem uma profunda reflexão de todos. 
Como explicar que o André Ventura tenha ficado em segundo no Alentejo, derrotando os candidatos de esquerda? Simples. Estamos MUITO FARTOS DE QUE SE ESQUEÇAM DOS ALENTEJANOS! Foi, de forma muito clara, um voto de protesto dos alentejanos, e não só, que vivem efetivamente no Alentejo. Ou pensam que de um dia para o outro passámos a ser de extrema-direita? A resposta é óbvia, NÃO. Surge outra pergunta pertinente. Votar em André Ventura é a melhor forma de protestar? A minha resposta é NÃO, porque estou bem longe dessa ideologia, mas para 28404 dos 152778 alentejanos e não só que votaram no domingo, foi a forma escolhida para protestar o abandono que há décadas assistimos na nossa região. Bastou que André Ventura falasse naquilo que muitos querem ouvir para conquistar votos. Conseguiu enaltecer o sentimento de revolta em muita gente e ganhou terreno. Ficou em segundo nos três distritos do Alentejo e venceu em quatro freguesias (São Vicente e Ventosa em Elvas, Póvoa de São Miguel em Moura, Sobral da Adiça em Moura e a freguesia de Mourão). Além disto foi a segunda escolha na zona interior do país, atrás de MRS. Ou seja, os problemas que temos de abandono do interior conduziram a uma votação para André Ventura acima do esperado. Pelo menos para mim...
A reflexão a fazer por parte dos principais partidos é que o Chega não é uma moda que com o tempo vai esvaziar como se tratasse de um balão. Vai seguramente a mais, como tem acontecido noutros países da Europa, onde este tipo de partidos tem conseguido ganhar rapidamente terreno às siglas mais tradicionais. O Vox em Espanha foi fundado em 2013 e já é a terceira força política com maior representação no Congresso. Motivo? O mesmo de sempre. Todos pensam no seu próprio umbigo e o povo que se lixe.
Governo e oposição, ou metem "botas à ribeira" ou vai haver muita confusão daqui prá frente. Façam política a sério, política para o país, ou pode rebentar uma "bomba". No domingo foi o primeiro aviso. O segundo está ao virar da esquina com as Autárquicas em Outubro. Depois não se queixem, nem venham com a resposta fácil de que este movimento acontece em muitos países da Europa. Mexam-se!

Por último quero parabenizar o Professor Marcelo Rebelo de Sousa pela vitória nas eleições, uma candidatura apoiada oficialmente pelo PS, PSD, CDS e PAN. A reeleição de MRS não foi só uma vitória da direita, como alguns líderes partidários deram a entender, também foi de uma parte da esquerda portuguesa. Vão ser cinco anos duros, que começam com a continuação do combate à pandemia, mas com uma maior exigência dos portugueses para que os governantes actuais e possíveis futuros governantes trabalhem a sério para TODOS NÓS. Vamos a isso. 
E também quero "dar uma orelhada" a quem ficou no sofá, confinados à parte, e não foram exercer o dever cívico de votar. Uma abstenção de 60,51% é para ficar muito preocupado. Podemos não gostar de política, dos políticos, mas o voto pode expressar tudo isso. Ficar em casa é que não!

Scottish
Uma paixão, uma opinião pessoal

Foto: RTP

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