O prometido é devido e aqui estou a comentar o que se passou no passado fim-de-semana em Vitoria (Espanha) na Final Four da Eurocup 2010.
Power Electronics Valencia foi o grande vencedor com uma exibição memorável na final ao bater o Alba Berlim por 67-44. 23 pontos de diferença numa final não é uma situação normal, mas a grande defesa dos valencianos foi determinante. A equipa alemã apenas conseguiu 12 pontos como máxima pontuação num quarto (2º), manifestamente insuficiente para pensar em vencer a competição.
Logo na primeira jogada se anteviu que o PE Valencia poderia conquistar o seu segundo troféu continental, com um enorme afundanço do internacional espanhol e capitão de equipa Victor Claver. Se no final do primeiro período o resultado mostrava equilíbrio (11-10 para o PEV), o segundo foi praticamente a sentença final de quem poderia ser o vencedor. Um parcial para o PE Valencia de 25-12 colocava contra as cordas o Alba Berlim, pois chegava ao intervalo a perder por 14 e com a sensação de não poder ultrapassar o adversário. O calculismo, frieza e controlo do jogo que os alemães habitualmente colocam em campo, viu-se ultrapassado pelo maior dinamismo dos valencianos em ataque, e com uma defesa que não permitia o rival ter lançamentos fáceis.
Na meia-final contra o Bilbao, a equipa alemã comandada por Luka Pavicevic demonstrou grande capacidade ofensiva e um poderoso domínio da área perto do cesto, através de Blagota Sekulic e especialmente Adam Chubb, que marcou 27 pontos.
Mas o Valencia conta com um jogo interior muito forte fisicamente, com Kosta Perovic (2,17m), Serhiy Lishchuk (2,10m) e Matt Nielsen (2,08m) a fazerem da enorme capacidade defensiva a sua arma mais importante, ao que juntam grande acerto em ataque.
No terceiro período o equilíbrio foi a nota dominante (12-11), sentenciando a equipa espanhola nos derradeiros dez minutos com um parcial de 19-11.
O poste sérvio do PE Valencia Perovic acabou por ser o melhor marcador da final com 17 pontos, bem ajudado por Thomas Kelati com 13 e o base suplente Marko Marinovic com 12. Em grande destaque no fim-de-semana esteve o poste australiano Matt Nielsen, eleito MVP da Final Four, coroando assim o enorme profissionalismo deste jogador que já conta com 32 anos, mas que é peça fundamental do PE Valencia.
Victor Claver foi eleito o melhor jogador jovem da Eurocup desta época, e é mais um prémio que consolida o enorme futuro que todos atribuem ao internacional espanhol de 22 anos.
O árbitro português Fernando Rocha "apitou" a segunda meia-final, e a sua exibição foi convincente ao ponto da ULEB o ter escolhido para também formar parte da equipa de arbitragem que esteve na final. Um êxito do basquetebol português que merece todo o destaque, e desde aqui endereço os meus parabéns ao Fernando Rocha pelo reconhecimento internacional.
Resultados Meias-Finais:
Alba Berlim - 77 / Bizkaia Bilbao Basket - 70
Power Electronics Valencia - 92 / Panellinios - 80
Jogo para o 3º lugar:
Bizkaia Bilbao Basket - 76 / Panellinios - 67
Final:
Alba Berlim - 44 / Power Electronics Valencia - 67
Tudo agora são sorrisos, mas no início da época a equipa de Valencia praticamente fechou portas. O habitual patrocinador Pamesa deixou de apoiar o clube, o presidente Manuel Llorente seguiu o patrocinador e foi para a equipa de futebol mais importante da cidade, o Valencia CF, e nuvens negras pairavam por cima do clube.
Sem patrocinador e sem líder, não havia capacidade económica para poder ir ao mercado e comprar jogadores que há muito estavam referenciados para o clube, como eram Lynn Greer e Marijonas Petravicius. Em vez destes a opção foi para Rawle Marshall e o ucraniano Serhyi Lishchuk, mas a inadaptação do americano obrigou o Valencia a mexer-se e contratou Thomas Kelati.
Antes do Eurobasket do Verão passado, o clube contratou Nando de Colo, uma jogada mestra pois o bom campeonato europeu do base francês tornaria impossível a sua aquisição.
Todas estas jogadas de bastidores foram feitas por Toni Muedra, anteriormente técnico das equipas de formação do clube, mas que passou para o escritório para configurar um plantel vencedor. Claro está que tudo foi feito com a supervisão do técnico Neven Spahija e do novo presidente do clube Vicente Solá. O bom desempenho da equipa no arranque da época fez com que aparecesse o actual patrocinador e desta forma o encaixe financeiro desafogou a complicada tesouraria do Valencia Basket Club.
No passado recente o clube gastou "rios" de dinheiro sem sucesso desportivo, e agora sem o habitual patrocinador e com segundas escolhas para confeccionar a equipa, acabou por vencer a Eurocup. Assim foi um clube que em 10 meses passou da ruína para o êxito internacional. Este é um exemplo da magia que o basquetebol tem...
Scottish
Uma Paixão, uma opinião pessoal
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