terça-feira, 11 de maio de 2010

Regal Barcelona "rei" da Europa

Um brilhante e sensacional Regal Barcelona venceu com toda a justiça a Euroliga 2009/2010. Esta foi uma das vezes em que os favoritos cumpriram na íntegra o seu papel, numa demonstração de grande superioridade face aos seus rivais, ao nível do que tem acontecido durante a época.

A equipa “blaugrana” bateu vários records na conquista da sua segunda Euroliga (a primeira foi em 2003), como o prémio de melhor jogador da F4 a ir merecidamente para Juan Carlos Navarro. Foi a primeira vez que um espanhol venceu este prémio individual, mas os seus números impressionam. 21 pontos marcados numa final não é para todos, tendo sido determinante para que o seu clube vencesse. Foi ele quem carregou com a responsabilidade de reagir à recuperação encetada pelo Olympiacos no regresso dos balneários. Jogadas de 1x1 sensacionais que colocaram os gregos à beira de um ataque de nervos, triplos em momentos cruciais, demonstração de liderança em campo, tudo isto levou ao grito de “MVP, MVP” no final pela bancada “blaugrana”.

Outro record foi para o técnico Xavi Pascual, o mais jovem a conquistar a Euroliga com 37 anos. Brilhante o trabalho deste treinador da casa, que conseguiu criar um espírito de grupo, uma capacidade de jogo colectivo digno de registar e de ser analisada em clinics de treinadores. A sua equipa defende como ninguém, não dá um palmo de terreno ao adversário, as trocas defensivas são rapidíssimas e o jogador com bola está sempre pressionado. A isto juntamos a enorme envergadura de vários jogadores que garantem muitos ressaltos defensivos, com passes rápidos para a saída do contra-ataque mais letal da Europa.
Em ataque a diversidade de opções é enorme. Se é para lançar de fora, Navarro é a principal arma, mas Basile, Ricky Rubio, Victor Sasa, Jaka Lakovic, ou os “altos” Pete Mickeal e Erazem Lorbek garantem boas percentagens de efectividade. Perto do cesto o Regal Barcelona tem verdadeiros “monstros” pela sua enorme altura e envergadura. O senegalês Boniface N’Dong ou o espanhol Fran Vazquez dão continuidade às penetrações dos seus bases com afundanços em “alley-oops” de fazer empolgar as bancadas. A estes juntamos Terence Morris, um seguro de vida tanto em defesa como em ataque, fazendo as delícias dos adeptos com as suas penetrações que acabam em “afundanços”. De destacar que Morris vence a terceira Euroliga consecutiva por três clubes diferentes (Maccabi 2008, CSKA 2009, Regal Barcelona 2010).

Um jogo muito fluído em ataque, uma defesa quase insuperável, e uma rotação de banco de fazer inveja são em resumo o que é o Regal Barcelona, um justíssimo campeão europeu pois é neste momento a melhor equipa do Velho Continente. Se no futebol o emblema “blaugrana” tem conquistado tudo o que há para vencer, em nada invejam a sua equipa de basquetebol. Não surpreendeu por isso que jogadores da equipa de futebol tivessem marcado presença no Omnisport de Paris-Bercy, como Puyol, Bojan, Xavi, Piqué e Busquets, vibrando com a sua equipa.

Regal Barcelona – 86
Olympiacos – 68

Vencer uma final por 18 pontos com uma demonstração de superioridade tão grande, só mesmo para grandes equipas. Arrancaram muito bem os dois conjuntos, com os ataques a mostrarem grande efectividade, o que surpreendeu aqueles que pensam numa final há medo de errar. O 28-19 do primeiro parcial demonstra a desinibição dos jogadores, algo que os amantes da modalidade agradecem, pois vimos espectáculo. Os gregos contaram com a grande prestação no primeiro quarto de Milos Teodosic. Averbou 7 pontos, mas um vírus estomacal impediu o base sérvio de dar maior contributo à equipa. Do lado “blaugrana” surge a qualidade da peça mais fundamental na engrenagem da equipa, o americano Pete Mickael. Foram seus 10 pontos no primeiro período, mostrando ao técnico Panaggiotis Giannakis que havia mais jogadores do que Navarro com que se preocupar.
No segundo quarto mais do mesmo, com o Regal Barcelona a vencer o parcial por 19-17, havendo um ligeiro equilíbrio de forças na parte final da etapa inicial, muito por culpa do enorme empenho de Teodosic e do apoio incondicional dos fanáticos gregos. As estrelas Josh Childress e Linas Kleiza não apareciam no jogo e só Bouroussis ajudava o base eleito melhor jogador da época na Euroliga. Ao intervalo o 47-36 revelava superioridade “blaugrana” mas o Olympiacos ganhou algum fôlego para a segunda parte, ao ver a desvantagem baixar para um digito de diferença (9).

No início da etapa complementar os gregos liderados agora pelo genial base Papaloukas, entraram dispostos a dar a volta ao marcador e ainda conseguiram aproximar-se dos espanhóis a uns superáveis 5 pontos (52-47 aos 26’). A pressão exercida pelo internacional grego aos árbitros ainda baralhou as suas decisões que permitiram muitos contactos faltosos na defesa do Olympiacos. No entanto um “afundanço” de N’Dong e um triplo de Victor Sada, que esteve bem melhor que Ricky Rubio na direcção da equipa, voltou a colocar o Regal Barcelona com uma diferença de mais de 10 pontos para não mais baixar. O terceiro período fechou com 17-14 para os “blaugrana” para um resultado de 64-50 que quase sentenciava a final.
Nos derradeiros 10 minutos os gregos tentaram aproximar-se no marcador, mas o Regal Barcelona esteve soberbo a defender e voltou a superar as duas dezenas de pontos marcados, com uma exibição estelar de Juan Carlos Navarro. Na parte final apareceu o americano Childress mas já era tarde para o Olympiacos poder encetar qualquer recuperação perante uma equipa que soube controlar o jogo e o resultado, chegando mesmo à máxima diferença de 18 pontos com o marcador final de 86-68.

CSKA – 90
Partizan – 88

No jogo para o terceiro e quarto posto, CSKA e Partizan proporcionaram um belo espectáculo de basquetebol. Foi necessário um prolongamento para a equipa de Moscovo levar de vencida a jovem equipa sérvia, que pela segunda vez na F4 obrigou o adversário a trabalho suplementar. O Olympiacos na meia-final necessitou de prolongamento para vergar a jovem equpa do Partizan, e o mesmo aconteceu ao CSKA. Não fosse a sensacional exibição de Trajan Langdon com 32 pontos marcados e os de Belgrado venceriam, pois como equipa mostraram maior solidez e intensidade, mas a experiência dos russos nos momentos cruciais ditou a vitória final. O americano do Partizan Bo McCalebb ainda tentou um lançamento de 3 pontos para vencer a partida, mas a bola não entrou e o terceiro lugar foi para o CSKA.

Foi uma Final Four espectacular, com muita emoção, muita qualidade de jogo, grandes jogadas e com um justíssimo vencedor.

Scottish
Uma paixão, uma opinião pessoal

Sem comentários: