quarta-feira, 28 de abril de 2010

Conversa com Marco Galego

Marco Galego é o coordenador técnico do basquetebol do Clube Elvense de Natação, acumulando a função com a de treinador da equipa de Sub-14 masculina e dos juniores da Asociación de Baloncesto Pacense (ABP). Já há muitos anos ligado ao basquetebol em Elvas e Badajoz, o entrevistado desta semana vai falar sobre o passado, presente e futuro da modalidade na nossa cidade, mostrando a sua ambição em chegar mais alto na carreira de treinador.

TP - És “coach” de duas equipas em clubes diferentes. Esta situação é complicada de gerir?
MG - Antes de mais agradecer-te a oportunidade de falar da modalidade, já que cada vez vamos tendo menos relevância em tudo o que é noticias a nível regional ou nacional.
De facto alguns dias não é fácil de gerir, uma vez que os jogos fora não são do nosso controlo e podem coincidir. Para provar que é complicado, na segunda-feira tive de faltar ao treino em Elvas porque tive jogo em Cáceres as 20h com o ABP.


TP - A tua carreira como treinador já passou por situações bem diferentes, como treinares os minis em Elvas, seres seleccionador regional do Alentejo em Sub-16 masculinos por várias vezes, passando pelo outro lado da fronteira como adjunto do Baloncesto Feminino Badajoz na principal Liga espanhola, ou a tua equipa júnior no ABP. Esta diversidade de experiências tem-te consolidado como treinador?
MG - É verdade, posso dizer que já treinei todos os escalões, e que muito tenho aprendido ao longo dos 15 anos que estou como treinador pelos três clubes que já passei, pelas sete épocas de seleccionador regional do Alentejo, e uns quantos estágios como treinador convidado das selecções nacionais femininas. Felizmente tive a oportunidade de poder trabalhar com muitos bons treinadores aprendendo bastante com eles, e penso que os resultados têm aparecido pelo conjunto destas situações ao longo dos últimos anos.

TP - Deves recordar-te do teu começo no CEN como jogador e os teus primeiros passos a orientar equipas. Como era nessa altura o clube e a modalidade na nossa cidade?
MG - Lembro-me perfeitamente quando cheguei ao basquetebol com 15 anos, através de um convite do Ricky (Ricardo Rondão) ao grupo de amigos da escola que já fazíamos umas brincadeiras. Nesse ano o clube só tinha uma equipa em competição e com a nossa em formação, surge a consolidação definitiva da modalidade em Elvas.
Nos anos seguintes o crescimento foi incrível, chegando o CEN a ter todos os escalões masculinos e femininos em competição, registando cerca de 200 atletas federados. Quanto ao meu início como treinador foi algo que não estava à espera na altura, uma vez que apenas tinha 18 anos. Mas pela impossibilidade profissional na altura do treinador dos iniciados eu aceitei e por aqui ando…


TP - Hoje a realidade é bem diferente, com uma maior oferta desportiva para os miúdos de Elvas. Em 2009 regressaste junto com um grupo de ex-jogadores e ex-treinadores ao CEN, com a clara intenção de começarem pela base, ou seja o minibasquetebol. O arranque desse projecto foi o desejado?
MG - Foi claramente o arranque desejado. Após muitas conversas de café deste grupo de amigos de longa data, resolvemos pedir ao CEN que nos deixasse voltar a trabalhar o basquetebol em Elvas.
O começar pelos "minis" foi a melhor opção que podíamos ter tido nessa altura, e a prova está que na época passada acabámos com 50 atletas inscritos. Fomos o segundo clube do Alentejo com mais inscrições, e este ano já levamos 80 federados, tendo estabelecido como meta no princípio da temporada o mágico número de 100 atletas, meta que parecia impossível e que neste momento está quase…


TP - Começaram com os "minis", mas agora já contam com duas equipas em competição no escalão de Sub-14, das quais és responsável pelos masculinos. Foi uma aposta acertada e com os resultados pretendidos?
MG - Penso que sim, que fazia falta aos miúdos o contacto com a competição mesmo que este contacto esteja a ser feito sem objectivos a nível de resultados. Apenas queremos que os “minis” sintam o que é o jogo o mais cedo possível, e os que já são Sub-14 possam divertir-se competindo. Penso que o trabalho que estamos a desenvolver está a dar os seus frutos, tanto no masculino como no feminino.

TP - Qual o futuro que podemos esperar os elvenses do basquetebol na nossa cidade?
MG - O futuro apresenta-se muito sorridente, uma vez que temos uma geração de “minis” muito gira e que que dentro de 2 anos, quando sejam Sub-14, nos permite pensar em lutarmos por estar a competir a nível nacional.
Assim o (curto) espaço no Pavilhão nos permita poder desenvolver o trabalho que eles precisam, e que os actuais elementos da secção possam aumentar o número de tripulantes para navegar um barco que felizmente está a ficar muito grande! Necessitamos de mais seccionistas, mais treinadores para darmos qualidade ao trabalho que pretendemos desenvolver, e mais espaço no pavilhão.


TP - No início da presente época esteve quase a “arrancar” uma equipa sénior de basquetebol n’”O Elvas”. A ideia acabou por não se concretizar, mas concordas que numa cidade tão pequena como a nossa existam dois clubes com a mesma modalidade?
MG - Eu pessoalmente não concordo que numa cidade como a nossa existam dois clubes com a mesma modalidade, seja ela qual for. Esta dualidade só vai originar mais gastos e menos concentração de talentos na representação do nome da nossa cidade nos respectivos campeonatos.
Elvas merece e pode ter equipas competitivas em todas as modalidades, pois tem treinadores para isso.


TP - Como acima referi também treinas em Badajoz. O teu futuro passará pela cidade pacense com a continuidade na equipa júnior do ABP ou darás um passo em frente para um projecto mais ambicioso?
MG - Essa é uma pergunta difícil de responder… Eu estou sempre à procura de mais, sou demasiado competitivo para me contentar com o que tenho. Em princípio vou continuar com a equipa júnior que actualmente oriento, uma vez que será o meu terceiro ano com eles e quero tentar conquistar o título que me falta na Extremadura.
Mas isto sem fechar os olhos à possibilidade de regressar a uma equipa sénior já na próxima época.


TP - O CEN continuará a contar com o treinador Marco Galego?
MG - O CEN contará sempre e para sempre com o Marco Galego. Foi um clube onde passei muitos anos da minha vida e foi com o CEN que tive a oportunidade de fazer o que gosto. Poderei estar mais ou menos presente directamente na vida do basquetebol do CEN, mas estarei sempre disponível para ajudar.

TP - Qual o momento que mais te marcou positivamente até agora?
MG - Sem margem para dúvidas o mês de Abril de 2007, onde fui vice-campeão de Espanha de Seniores na “Liga Femenina 2” e consequente subida à Liga mais competitiva da Europa, campeão da Extremadura em Juniores Femininos, e levar a Selecção do Alentejo de Iniciados Masculinos ao título da Divisão “B” com a consequente subida à Divisão “A”. Estes foram momentos de grande alegria, mas de muito esforço e empenhamento em 15 dias de muita pressão competitiva e com muitos quilómetros, desde Andorra com as seniores a Portimão com a Selecção, terminando em Badajoz com as Juniores.

TP - E o mais negativo?
MG - O último jogo na “Liga Feminina 1” com 3000 pessoas no Pavilhão da Granadilla em Badajoz. O nosso jogo tinha terminado com a necessária vitoria e estávamos todos no pavilhão com os ouvidos em Saragoça, onde a outra equipa que lutava pela permanência estava a jogar o último minuto, e um jornalista estava a fazer o relato em directo via telemóvel. As coisas até estavam a correr bem, quando a poucos segundos do fim, um triplo de Saragoça deixou a Granadilla em lágrimas. Foi uma pena pelo esforço desenvolvido a todos os níveis por um clube pequeno, que muito tem feito pelo basquetebol feminino da Extremadura.

TP - Recentemente foste convidado pela Escola Nacional de Basquetebol para seres um dos prelectores do Curso de Nível 1 de treinadores, que se realizará em Junho na cidade de Évora. Serás colega do conhecido José Salgueiro, numa clara alteração da formação dada no Alentejo. Desde já os meus parabéns, mas gostaria de saber o que pensas deste convite?
MG - Muito obrigado. Para mim é uma honra receber este convite da ENMB, e vou fazer os possíveis para não defraudar esta aposta na minha pessoa para a formação de novos treinadores. Acima de tudo vou tentar transmitir tudo aquilo que fui aprendendo ao logo dos anos, tanto em Portugal como em Espanha.

TP - Até onde chegará o Marco Galego?
MG - Eu quero chegar ao topo! Sei que ainda tenho um longo caminho por percorrer mas vou lá chegar.

Espero que essa ambição se concretize pela amizade que nos une e por ter vontade de ver um elvense subir na paixão do basquetebol. Agradecer ao Phill (como lhe chamamos desde sempre os amigos) o ter aceite responder a esta entrevista e desejar que consiga realizar todos os seus sonhos, sem se esquecer de ajudar a construir um futuro sólido e repleto de êxitos desportivos do basquetebol do CEN.

Scottish

2 comentários:

P. disse...

Grande Marco, parabéns e boa sorte!

diogo vitoria disse...

Grande treinador, viva o marco, um abraço do diogo Vitoria do chamusca basque clube